A hérnia inguinal em crianças é uma comunicação entre a cavidade do abdome e a região inguinal (da virilha). É uma das patologias cirúrgicas mais comuns na pediatria e sua indicação cirúrgica ocorre a partir do momento do diagnóstico, para evitar complicações indesejadas.
Eu nunca ouvi falar sobre hérnia em crianças
Apesar de ser das patologias cirúrgicas mais comuns, prevalência de hérnia inguinal em crianças é em média 2% das crianças, sendo mais comuns em prematuros e em meninos.
O lado mais comum acometido da hérnia inguinal em crianças é o direito (60%) mas pode ocorrer a esquerda ou bilateralmente;
A hérnia inguinal em crianças não é uma doença com histórico familiar muito frequente, ocorre em cerca de 10% dos casos.
Como sei que meu filho tem?
A apresentação mais comum da hérnia inguinal em crianças é um abaulamento (inchaço) na região da virilha que pode ocorrer em momentos de choro intenso ou esforço. O mais comum é se diagnosticar nos primeiros meses de vida, porém pode ser notada até em crianças maiores, sendo que quase sempre o canal está aberto desde o nascimento.
Este abaulamento da hérnia inguinal em bebês pode ser considerado como definitivo, especialmente se recorrente.
Há casos que durante o exame físico o pediatra ou o médico assistente pode notar alterações que sugiram hérnia inguinal em crianças. Nestes casos o paciente é encaminhado ao cirurgião pediatra para diagnóstico definitivo. Raramente exames de imagem são necessários.
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Mas por que meu filho desenvolveu isso?
Forma mais comum – hérnia indireta (>99% das crianças)
Durante a gestação, no desenvolvimento da cavidade do abdome é formada uma comunicação entre o interior do abdome e a região inguinal que dentre outras funções serve para ajudar na migração dos testículos, no caso dos meninos. Este canal tende a se fechar totalmente ou quase totalmente em cerca de 80% das crianças antes do nascimento. Quando a persistência do canal é larga suficiente para permitir a passagem de órgãos do abdome para região inguinal há o abaulamento local notado pela família ou pelo pediatra em algum momento da vida.
Mas meu filho tem que operar assim que descobrir?
A indicação cirúrgica é feita no momento do diagnóstico, pois se tratando de hérnia inguinal a comunicação persistente não fecha ou some no decorrer da vida. Não necessariamente a cirurgia precisa ser realizada no momento do diagnóstico, mas é essencial uma avaliação do cirurgião pediatra para os próximos passos a serem tomados e em que momento, já que pode variar de paciente para paciente e pela dinâmica das famílias.
Como é a cirurgia de hérnia inguinal?
O ideal é que a cirurgia seja feita de maneira programada ou eletiva, para diminuir riscos de complicações cirúrgicas e anestésicas. Cirurgias eletivas são realizadas em crianças sem doença aguda e com fatores que possam trazer risco controlados, na medida do possível.
Durante a consulta com o cirurgião são definidas necessidade de cuidados ou exames adicionais que vão depender da avaliação e das particularidades de cada paciente.
Deve se realizar a cirurgia o quanto antes para diminuir o risco maior que é o de encarceramento. A cirurgia é indicada inclusive em recém-nascido e prematuros com peso normalmente superior a 2 kg.
O procedimento é realizado sob anestesia geral, durando normalmente entre 40 a 60 minutos. A cicatriz é pequena e em região inguinal correspondente ao lado da hérnia e a cicatrização dependerá das particularidades de cada paciente, mas em crianças tende a ocorrer de maneira tranquila.
E quais os riscos?
Já sabemos que a patologia não desaparece normalmente. Dessa maneira a operação é indicada o quanto antes, além de persistir há o risco de encarceramento – um órgão passa por dentro do conduto aberto e não consegue retornar espontaneamente.
Quando ocorre o encarceramento há um edema do órgão, causando dor, isquemia e risco de necrose e perfuração, conhecida com hérnia estrangulada. Esta condição é um quadro gravíssimo com alto risco de desfechos desfavoráveis e o objetivo principal da cirurgia eletiva o mais próximo possível do diagnóstico é evitar esta complicação.
Dessa maneira é consenso que o risco de uma cirurgia eletiva bem programada, mesmo em pacientes com doenças graves é menor do que não operar e eventualmente em algum momento evoluir com complicações;
Como será a recuperação?
A recuperação dessa cirurgia considerada de pequeno porte costuma ser bastante tranquila e quanto menor a criança mais tranquila e menos restrições ela terá; Bebês se recuperam melhor do que crianças pequenas e assim em diante.
A alta médica costuma ser ainda no mesmo dia da cirurgia e as crianças maiores podem sair caminhando sem muitas dificuldades. Bebês andam no colo dos pais, de carrinho, sem posição preferencial para se deitar.
Alguns pacientes necessitam mais dias de internação ou pós operatório em UTI: Normalmente são prematuros ou pacientes com comorbidades mais graves, como cardiopatias complexas, pneumopatias, encefalopatias.
Os cuidados em casa são muito simples:
- Em geral a higienização é simples, a retirada de curativo pode ser realizada pelos pais em casa ou mesmo no consultório e os pontos não necessitam ser retirados pois são absorvíveis;
- Pedimos apenas vigiar as crianças maiores quanto a atividades muito intensas e educação física, por cerca de 15 a 30 dias.
- Diante de sinais e sintomas sugestivos, não hesite em procurar uma avaliação imediata de um cirurgião especializado que será capaz de cuidar do seu filho e deixar a família mais segura neste momento delicado.
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Referências: